Dra. Ana Gelatti, oncologista clínica e vice-presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), comentou a aula sobre tratamento de paciente ALK positivo apresentada durante o Simpósio Virtual GBOT 2020 pela Dra. Enriqueta Felip, oncologista, head da unidade de câncer de pulmão do Hospital da Universidade Vall D´Hebron, de Barcelona (Espanha).
Dra. Enriqueta Felip trouxe uma revisão sobre um subgrupo de pacientes com câncer de pulmão que têm a translocação do gene ALK. Segundo a oncologista, o crizotinibe, um inibidor de tirosina quinase (TKI), foi a primeira droga e utilizado por muitos na 1ª linha desse cenário. Os pacientes, porém, progrediam com desenvolvimento de metástases em sistema nervoso central ou de forma sistêmica. Os TKIs de 2ª geração com alvo em mutações ALK foram desenvolvidos e se mostraram superiores ao crizotinibe, com um aumento de sobrevida livre de progressão (SLP) tanto em 2ª linha quanto em 1ª linha.
Dois estudos importantes (ALEX e ALTA-1) que compararam crizotinibe versus alectinibe e crizotinibe versus brigatinibe mostraram que ambas as drogas são superiores ao crizotinibe em 1ª linha em pacientes com translocação de ALK.
Mutações secundárias no grupo das quinases ALK podem levar à resistência às primeira e segunda gerações de inibidores de ALK, observou Dra. Ana Gelatti. Ela explicou que lorlatinibe é um inibidor de 3ª geração da tirosina quinase com alvo na ALK/ROS1. Potente e seletivo, ele penetra no sistema nervoso central e tem um amplo espectro de potência contra a maioria das conhecidas mutações de resistência ALK, incluindo a mais comum: ALK G120R.
Um estudo fase 1/2 demonstrou que lorlatinibe foi eficaz tanto em pacientes virgens de tratamentos quanto em pacientes que receberam mais de um inibidor de tirosina quinase ou que receberam quimioterapia e depois um inibidor de tirosina quinase. Além disso, a droga mostrou uma penetração no sistema nervoso central que é muito importante, pois cerca de 30% dos pacientes ao diagnóstico já podem ter lesões no sistema nervoso central.
De acordo com Dra. Ana Gelatti, lorlatinibe é um grande avanço no tratamento do câncer de pulmão positivo para ALK e representa uma esperança para esses pacientes, que até então não contavam com opções específicas e eficazes de tratamento depois que os inibidores de tirosina quinase de primeira e segunda linha fracassavam.
A especialista ainda comenta que, no dia a dia, os oncologistas enfrentarão alguns questionamentos e desafios sobre qual droga indicar como primeira opção e como será o sequenciamento desse tratamento. Por fim, ela ressalta a importância de realizar biópsias para identificar quais são os mecanismos de resistência para, a partir dos resultados, escolher a terapia mais adequada.
Referências:
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