Dr. William William, Diretor Médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, discute durante o Simpósio Virtual GBOT 2020 os avanços – especialmente na imunoterapia – em câncer de pulmão não-pequenas células sem mutação driver.
O oncologista iniciou sua apresentação mostrando os resultados de um estudo recém publicado no New England Journal of Medicine que demonstra que a mortalidade em nível populacional por CPNPC nos Estados Unidos caiu drasticamente de 2013 a 2016 e a sobrevida após o diagnóstico melhorou substancialmente.
A análise desses dados sugere essa redução na incidência se deve aos avanços dos tratamentos, particularmente ao uso de terapias-alvo. Segundo ele, a imunoterapia ganhou importância no manejo de CPNPC e, quando se observa os hallmarks of cancer, percebe-se que a evasão do sistema imune foi reconhecida como uma característica importante das células neoplásicas.
Ele destacou ainda que, para aqueles pacientes sem alteração molecular, deve-se pensar em estratégias de imunoterapia isolada ou quimioterapia mais imunoterapia – e esses esquemas terapêuticos vêm apresentando uma grande mudança nos últimos anos.
O médico discutiu de maneira bastante criteriosa os estudos CheckMate 9LA, CheckMate 227, Keynote-189, IMPower 150, Keynote-407, dentre outros, mostrando o leque de opções de estratégias de tratamento. Aparentemente, nenhuma delas parece ser superior à outra, com aproximadamente 60 a 70% dos pacientes vivos em 1 ano e 40 a 50% dos pacientes vivos em 2 anos.
Em seguida, discutiu também a adição da quimioterapia com base em um estudo Canadense apresentado na ASCO 2020: o CCTG BR.34. Para o especialista, pembrolizumabe associado à quimioterapia melhora a sobrevida em tanto em doença escamosa como em doença não escamosa, independentemente da expressão de PD-L1. Outra conclusão é de que atezolizumabe adicionado à carboplatina, paclitaxel e bevacizumabe aumenta a sobrevida em pacientes com histologia não escamosa, assim como quando adicionado à carboplatina e nab-paclitaxel aumenta a sobrevida em CPNPC não escamoso. Além disso, ipilimumabe e nivolumabe adicionados à quimioterapia também aumentam a sobrevida em pacientes com CPNPC. Ele chama atenção para o fato de que todos esses estudos utilizaram no braço comparador a quimioterapia isolada e que os novos estudos deverão ser refinados, utilizando outros braços-controle.
Já em relação à monoterapia, Dr. William apresentou os dados dos estudos Keynote-024, Impower 110 e EMPOWER. Ele conclui que pembrolizumabe, atezolizumabe e cemiplimabe aumentam a sobrevida quando comparados com quimioteapia, em pacientes com alta expressão de PD-L1. Para os pacientes com expressão intermediária de PD-L1, o pembrolizumabe e o atezolizumabe não são superiores à quimioterapia.
O oncologista também abordou o estudo PACIFIC, que em um seguimento de 4 anos analisou a sobrevida global e obteve SG de 49,6% nos pacientes que receberam durvalumabe versus 36,3% que receberam placebo. Por fim, ele comentou ainda sobre o estudo NEOSTAR, que está em vias de ser publicado e avalia imunoterapia neoadjuvante para CPNPC, e o estudo NADIM, bastante esperado e publicado este ano no The Lancet Oncology.
Referências:
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https://ascopost.com/News/60124
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03158129
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